Os números do crescimento de casos de pessoas com dengue têm ligado o sinal de alerta em todas as partes do país, e não é diferente em Pernambuco. No estado, foi registrado um aumento considerável nos casos de arboviroses, doenças causadas por vírus transmitidos por mosquitos.
Pelo menos 146 pessoas foram diagnosticadas com dengue entre os dias 31 de dezembro de 2023 e 10 de fevereiro de 2024 – destes casos, quatro são considerados graves. Segundo dados da Secretaria de Saúde do Pernambuco, houve um aumento de 113,4% se comparado com o mesmo período do ano anterior – com 1.208 casos prováveis da doença entre estes dias no Estado.
Diante desse cenário alarmante, Sílvia Fonseca – docente do IDOMED (Instituto de Educação Médica), médica pediatra, infectologista e epidemiologista – dá algumas dicas de como evitar e tratar a doença.
Ela afirma que “no primeiro momento é muito importante combater os focos dos mosquitos nos locais que ficam bem perto de nossas residências, evitando sempre acúmulo de água tanto em pequenos recipientes, como tampinha de garrafas, quanto em cisternas abertas”.
A infectologista e pediatra comenta que “repelentes também podem ser usados, conforme instruções dos fabricantes, mas que muitas das vezes as picadas do mosquito ocorrem dentro de casa e não na rua”. Reforçando também que “não se pode usar repelentes em bebês e crianças pequenas de uma maneira geral. Se as pessoas forem viajar para lugares, onde sabidamente está tendo transmissão de dengue, vale usar roupas que cobrem braços e pernas, mesmo sendo no verão”, destaca.
Na visão da especialista, “a dengue é uma doença que pode variar clinicamente desde o cidadão que não terá quase nenhum sintoma até aquele que fará um quadro grave que poderá levá-lo à morte. Os sintomas mais clássicos são: febre, que pode ser muito alta, dor de cabeça e atrás dos olhos, indisposição para comer, um pouco de náusea e diarreia”.
Ela faz um alerta, “quando a doença vai dando sinais de piora, pois esses sintomas ficam mais acentuados, daí o doente passa a ter uma indisposição muito maior, muitas das vezes a febre já passou, entre o 3º e o 5º dia, mas pode acontecer ainda uma dor muito forte na barriga, diminuindo a vontade de se fazer xixi. Outras complicações são a tontura, sonolência, vômitos que não param e sangramentos espontâneos no nariz, ou após a escovação de dentes, ou nas mulheres que podem ter uma menstruação mais forte; algumas pessoas vão apresentar pintinhas na pele, as famosas “petéquias”. Essas situações indicam que a pessoa está piorando e que ela deve procurar ajuda médica o quanto antes”, explica.
Outro fator bem importante é a hidratação, pois com a dengue existe uma desidratação interna, sendo assim, quanto mais líquido repor, menor poderá ser a chance de piora. A Dra. Sílvia Fonseca comenta que “tem que beber muito líquido, ou seja, de 4 a 5 litros; água e sucos podem ser utilizados, e pelo menos 1 litro da hidratação deve ser de soro de reidratação. O soro caseiro também ajuda bastante a manter uma boa hidratação”.
Com relação às crianças, a docente do IDOMED aponta que “surge um problema, pois elas não terão essas manifestações clínicas tão exuberantes. Por exemplo, uma criança com menos de 2 anos pode ficar muito chorosa e irritada e estar com dengue. Ela pode até causar febre, mas como costumam a ter também outras viroses, os pais devem ficar bem atentos. Por precaução e em caso de dúvida, a pediatra pede para os responsáveis levarem suas crianças ao médico para fazer o exame da dengue que se chama NS1”. A Dra. Sílvia registra que “é muito importante seguirmos uma linha de tratamento porque a maior parte das pessoas vai se recuperar plenamente da doença, porém as crianças, os idosos e os indivíduos que já têm problemas de saúde podem ter uma dengue grave e até morrer”, concluiu.