Opinião: O Grito da revolta contra o racismo estrutural


Por André Luis – Jornalista e Radialista

Na última segunda-feira, 20 de novembro, celebramos o Dia da Consciência Negra, momento de reflexão sobre a história e a luta da comunidade negra no Brasil. Contudo, a mesma semana nos brindou com notícias que revelam a face grotesca do racismo que persiste em nossa sociedade.

O caso de Victor de Souza Rocha, preso em Manaus por assassinar a ex-namorada grávida, expõe a repugnante realidade da discriminação racial. A recusa em ter um filho negro, como motivo para o crime, evidencia a perpetuação de mentalidades coloniais que objetificam o corpo da mulher negra.

Karine Sevalho Lima, vítima de outra forma de violência, representa a sexualização da mulher negra. Aceita como namorada, mas rejeitada como mãe de filhos por sua cor de pele. Infelizmente, esse padrão não é exceção, mas sim a triste regra.

O episódio humilhante vivenciado por Vilma Nascimento, 85 anos, histórica porta-bandeira da Portela, no aeroporto de Brasília, é mais uma prova do racismo entranhado na sociedade. A abordagem vexatória, baseada apenas na cor da pele, é um reflexo da máxima: “Preto parado é suspeito, correndo é ladrão.” Ela havia sido homenageada na Câmara dos Deputados um dia antes, em alusão ao Dia da Consciência Negra.

A revolta cresce ao perceber que casos como esses não são isolados, mas sim uma repetição constante. Mesmo quando homenageados, somos lembrados de nossa posição marginalizada, como se nos dissessem: “Você é apenas uma preta, um preto.” O desespero é palpável.

Além disso, o avanço tecnológico, vendido como neutro, preciso e rápido, revela sua face discriminatória. O reconhecimento facial, usado sob a justificativa da eficiência, perpetua preconceitos sociais. O podcast Ciência Suja destaca como essa tecnologia está mergulhada no colonialismo e no racismo.

Em meio a honrarias e reconhecimentos, o racismo estrutural persiste, corroendo a dignidade da população negra. O grito da revolta ecoa, clamando por uma sociedade que reconheça sua dívida histórica e trabalhe incansavelmente para erradicar o racismo em todas as suas formas.

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