Coluna Âncora Política – Bolsonaro não está acima da lei
Ninguém aguenta mais ouvir falar na novela interminável que envolve Bolsonaro. De um deputado irrelevante, que pouco ou nada contribuiu para a construção do país, a um presidente desequilibrado que isolou o Brasil do cenário internacional e deixou como herança mais de 700 mil covas abertas durante a pandemia, Bolsonaro ainda é tratado por muitos como um ungido por Deus. Cada um tem direito à sua fé e às suas crenças, mas é difícil aceitar a devoção cega que transforma um político em entidade sagrada, imune a críticas, erros e consequências.
Bolsonaro não está acima da lei. Como qualquer brasileiro, ele precisa responder pelos próprios atos e obedecer às decisões judiciais. Desde que foi colocado em prisão domiciliar em agosto, usando tornozeleira eletrônica como medida cautelar por tentar atrapalhar as investigações da trama golpista, ele e seus aliados vêm desrespeitando ordens judiciais. Drones flagraram aliados utilizando celulares ao lado do ex-presidente. Os filhos fazem lives dentro da residência. Mesmo com a proibição de aglomerações na porta do condomínio, Flávio Bolsonaro convocou vigília no local. Além disso, o próprio Bolsonaro violou a tornozeleira eletrônica ao tentar retirá-la com um ferro de solda, o que configura descumprimento claro das cautelares.
Também não cola a tentativa orquestrada por aliados de pintar Bolsonaro como um idoso frágil à beira da morte, praticamente com os dois pés na cova, para evitar que ele cumpra prisão. É possível que tenha problemas de saúde, mas boa parte dos detentos do país enfrenta doenças graves, incluindo câncer, e nem por isso está isenta de cumprir pena. Portanto, não há justificativa para conceder a Bolsonaro um tratamento privilegiado. O fato de ter sido presidente da República não o coloca acima da lei nem o transforma em alguém especial perante o sistema de Justiça.
Se o Judiciário entender que ele deve cumprir prisão, seja em sala especial na sede da Polícia Federal, com todo o conforto que já tem, seja na Papuda, ele terá de cumprir. Condições para isso não lhe faltam. Caso contrário, o Judiciário teria de rever a situação de milhares de presos mantidos há anos em celas superlotadas, insalubres e sem qualquer dignidade. Bolsonaro não é melhor do que ninguém. Na verdade, é pior do que muitos.
Além de pesado, ausente
Anunciado há 20 dias como o deputado estadual do prefeito Sandrinho e do vice Daniel Valadares, Waldemar Borges segue ausente de Afogados. Ainda não apareceu na cidade, não agradeceu publicamente o apoio nem abriu diálogo com os aliados locais. Segundo governistas, essa distância tem gerado resistência dentro do próprio grupo, dificultando o esforço de Sandrinho para consolidar e ampliar a base de apoio em torno do nome do parlamentar.

Chove não molha
A novela entre a categoria da educação e o governo Sandrinho Palmeira não avançou um milímetro. A gestão insiste em tentar legalizar o uso de recursos do Fundeb para tapar o rombo da Previdência em Afogados, mesmo após sucessivas manifestações do TCE afirmando que a prática é ilegal. O governo segue teimando que pode, enquanto o Sindupron e a associação dos professores continuam evitando acionar a Justiça Federal, instância responsável para julgar o caso. Sem essa judicialização, tudo permanece no chove e não molha, e o dinheiro do Fundeb segue longe de cumprir sua finalidade básica, que é valorizar os profissionais da educação.
Dança das cadeiras
O prefeito de Tabira, Flávio Marques, deve promover uma mudança radical na equipe de governo até o fim do ano, com uma reestruturação que promete atingir várias áreas da gestão e envolver a troca de secretários, diretores e coordenadores. Oficialmente, o governo ainda não confirma a reforma nem revela quais setores serão atingidos, mas nos bastidores já tem gente balançando na cadeira, segundo apuração do comunicador Júnior Alves, da Cidade FM. A dúvida é a razão da vassourada. Se o governo prega que está caminhando bem, com aprovação nas alturas, por que mudar ainda no primeiro ano de governo?

Saia justa
A decisão do deputado federal Fernando Monteiro de deixar o Republicanos de Silvinho para se filiar ao PSD de Raquel Lyra coloca a prefeita Márcia Conrado em uma saia justa em Serra Talhada. Ao migrar para um partido que deve se posicionar como adversário de Lula em 2026, Monteiro se afasta de vez da base lulista e dificulta ainda mais a missão de Márcia de garantir uma boa votação pra ele, sobretudo porque a base governista local já virou as costas ao deputado e apoia outros nomes, como Charles de Tiringa. Sem poder apresentá-lo como aliado de Lula ao eleitorado, resta saber se a prefeita seguirá com o caceteiro ou escolherá outro federal.
Foi cuspir pra cima…
A adesão de Fernando Monteiro ao PSD de Raquel também sobrou para o vereador serra-talhadense Rosimério de Cuca, que havia dito há poucas semanas que não apoiaria aliados de Raquel em 2026. Agora deu ruim pro “hora extra”, que na última semana abandonou Charles e voltou pro palanque de FM, cedendo às articulações de Márcia, que tenta reorganizar suas bases. Ou Rosimério volta pra Charles ou engole o orgulho e se abraça ao aliado da governadora.

Articulado
O gerente regional de Articulação da Casa Civil, Edson Henrique, segue fazendo o dever de casa ao ampliar a base de apoio da governadora Raquel Lyra e conquistar novas lideranças no Sertão. Ele anunciou a adesão da vereadora Adriana do Hospital, de Solidão, terceira mais votada em 2024. A parlamentar se junta às vereadoras Adriana de Agenor e Adileuza Godê, consolidando as três representantes do município no palanque de Raquel para 2026, fruto da articulação de Edson. Tá fazendo o dever de casa, garantindo bases pra reeleição de Raquel. E teve gente de Serra que disse que o “menino” não tinha peso pro cargo.
Precisa andar
O governo estadual precisa efetivar os braços da comunicação anunciados para atuar nas diferentes regiões do interior. No Pajeú ainda é discreta a atuação de Mário Viana como intermediador da Secretaria de Comunicação. Com exceção das mídias estaduais que são distribuídas pelo governo, pouco se vê das ações regionais. Tem que melhorar. O relógio não espera.

Fato ou boato?
A semana passada foi marcada pela troca de acusações entre a presidente da associação da Serrinha, Kátia Galvão e o vereador Zé Negão. No meio da arenga, um caminhão pipa. Kátia diz que Zé não queria entregar o caminhão a ela, Zé diz que ela é investigada por usar o pipa para se beneficiar nas eleições do ano passado. Quanto à arenga dos dois, eles se resolvem. O que eu quero saber é porque tem nota de combustível paga para esse bendito pipa com dinheiro da campanha majoritária de Sandrinho e Daniel? Tá no inquérito da Polícia Federal.








