Advogado constrangido na Câmara de Serra atuou na reconciliação do Padre Cícero com a Igreja Católica

O programa Rádio Vivo, da Rádio Pajeú, conversou nesta quarta-feira (16) com o advogado Wendel Araújo de Oliveira, alvo de uma situação de constrangimento protagonizada pela bancada governista da Câmara de Vereadores de Serra Talhada. [Relembre o caso]
Natural de Bacabal (MA), Dr Wendel Oliveira é Mestre pela Universidade Sorbonne, em Paris, na França; Doutor em Direito Civil e Processo Civil pela Universidade de Brasília (UnB); e Doutorando em Processo Penal e Direito Penal do Mercosul pela Universidade de Buenos Aires (UBA), na Argentina.
Atualmente o profissional é advogado inscrito em 10 unidades da federação brasileira, incluindo Pernambuco. No inicio da carreira ele também atuou como juiz de direito substituto do Tribunal de Justiça do Piauí (TJPI).
ADVOGADO DO PADRE CÍCERO
Além do vasto currículo profissional, Wendel Oliveira se destaca por ter atuado na defesa do Padre Cícero Romão durante a reabertura do processo de reconciliação do religioso com a Igreja Católica.
Ele explicou que em 2006 esteve no Vaticano com uma procuração outorgada pela Ordem Salesiana, onde protocolou uma petição póstuma defendendo o direito do Padre Cícero à reconciliação com a Igreja, uma vez que o processo estava paralisado há décadas. Reaberto o processo, a reconciliação foi concedida nove anos depois pelo Papa Francisco.
A reconciliação entre o padre Cícero e a Igreja Católica foi anunciada pelo Vaticano em dezembro de 2015. O perdão removeu as barreiras para que o padre seja beatificado ou canonizado.
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Sobre a questão do Padre Cícero: sim, essa história é verdadeira e bastante significativa. Em 2006, com uma procuração outorgada pela Ordem Salesiana, viajei ao Vaticano com a missão de localizar e atuar no antigo processo que buscava a reconciliação do Padre Cícero Romão Batista com a Igreja Católica. Esse processo já existia, mas estava parado há muitos anos. Com muito zelo e fé, elaborei e protocolei uma petição póstuma defendendo o direito do Padre Cícero à reconciliação, à luz da sua trajetória de fé, caridade e serviço ao povo nordestino.
Nove anos depois, em outubro de 2015, o Papa Francisco autorizou oficialmente a tão aguardada reconciliação. A decisão foi comunicada ao então bispo do Crato, Dom Fernando Panico, por meio de carta assinada pelo Cardeal Pietro Parolin, Secretário de Estado do Vaticano.
Essa reabilitação foi um marco histórico e espiritual para milhões de fiéis e romeiros que, por décadas, aguardavam esse gesto de justiça e misericórdia para com o “Padim Ciço”, figura de devoção profunda para o povo nordestino – e para mim também, como devoto. Seu legado nunca foi de excomunhão, mas de amor e acolhimento ao povo.
O sacerdote responsável à época era o querido padre italiano Pe. Venturelli. Lá no Horto, em Juazeiro do Norte, ele coordenava tudo com humildade e grande coração. Um homem íntegro, muito respeitado pela comunidade. Tentei reencontrá-lo nos últimos anos, mas não consegui mais localizá-lo. De toda forma, sua história está eternizada na memória do povo de Juazeiro.
Foi justamente durante a gestão de Pe. Venturelli que, em minha visita ao Vaticano, protocolei os memoriais solicitando uma audiência com o então Papa Bento XVI. A audiência, infelizmente, foi indeferida. No entanto, como sinal de esperança e consideração, recebemos uma bênção especial do Santo Padre destinada aos fiéis devotos do Padre Cícero. À época, esse gesto foi interpretado como uma pequena luz no fundo do poço, sinalizando uma possível reaproximação.
A reconciliação, contudo, só viria a se concretizar nove anos depois, em outubro de 2015, já sob o pontificado do Papa Francisco. Foi ele quem autorizou oficialmente a reabilitação do Padre Cícero com a Igreja, em um gesto histórico, de fé, justiça e amor ao povo nordestino.
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